Segurança
Manifesto pede justiça por Duda Laif e respeito pela população trans

por Yuri Cougo Dias
Justamente no mês em que marca a visibilidade trans, Bagé registrou o assassinato de uma mulher trans. O corpo de Duda Laif, 53 anos, foi encontrado na tarde de quarta-feira, 6, em um terreno localizado na rua 20 de Setembro, próximo ao Paredão. A morte causou forte comoção e, neste domingo, 10, manifestantes fizeram uma caminhada, no início da noite, pedindo justiça.
O grupo saiu da Praça Esportes, às 20h, e desceu a avenida Sete de Setembro, com cartazes pedindo por justiça e igualdade, com balões pretos e brancos, que simbolizavam o luto e a paz, respectivamente. O protesto encerrou por volta das 20h40, no local em que o corpo de Duda foi encontrado. Foram deixadas fotos e cartazes para que o caso seja lembrado por quem transitar na via.
Um dos idealizadores do manifesto, Murilo Delgado, afirma que, além de pedir justiça, o movimento também visou com que as pessoas refletissem sobre o preconceito que há com a população trans. “A violência focada na população trans está cada vez mais próxima e não há métodos que fiscalizem. Isso acontece principalmente com mulheres trans, que não possuem oportunidades de emprego e acesso à educação. Então, isso acaba originando com que adotem a vida da prostituição, o que não deixa de ser um trabalho digno. Porém, as pessoas enxergam de uma forma diferente”, contextualiza.
Conforme dados expostos pela organização, a cada 17 horas, uma pessoa trans morre no Brasil. Outra informação divulgada é que o Brasil é considerado o país mais violento com pessoas trans pela 13ª vez consecutiva.
Ainda sobre o preconceito, Delgado citou sobre a forma como o caso foi abordado nos meios de comunicação locais. O jornal MINUANO, inicialmente, por equívoco, não identificou a vítima como Duda Laif. “Há leis que asseguram o nome social até depois da morte. Está na hora das autoridades tomarem uma decisão para que isso não se agrave ainda mais na nossa cidade. O jeito que vivemos não fere ninguém. Só queremos tranquilidade para andarmos na rua, sem o risco de sermos espancados. Se as pessoas tivessem mais empatia, o mundo seria outro”, finaliza.